Defesa de Mladić pede adiamento de julgamento por seis meses

Da AFP.

A defesa de Ratko Mladic, o ex-chefe militar dos sérvios da Bósnia, pediu nesta quinta-feira a extensão da prorrogação de seu julgamento no Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPII) por seis meses, informou uma fonte desta câmara.

“A defesa pede respeitosamente à câmara (…) que ordene que seja adiado o início da apresentação de elementos de prova (da acusação) por mais seis meses”, indicou a defesa em um requerimento publicado pelo TPII, lembrando que o julgamento deve ser retomado no dia 25 de junho.

A defesa de Mladic, de 70 anos e que se declara inocente, explicou que quer dispor de mais tempo para “adaptar os preparativos da defesa à luz das irregularidades na divulgação” de provas em posse da promotoria.

O julgamento, adiado no dia 17 de maio um dia após ter começado e depois da declaração preliminar da acusação, deve ser retomado no dia 25 de junho com o depoimento da primeira testemunha da acusação, inicialmente previsto para 29 de maio.

Os juízes decidiram, após uma demanda da defesa neste sentido, pelo adiamento do início desta etapa do julgamento devido a “irregularidades” e atrasos na transmissão à defesa de documentos no poder do gabinete do promotor e que deveriam permitir que a defesa se preparasse para o julgamento.

Detido no dia 26 de maio de 2011 na Sérvia depois de escapar durante 16 anos da justiça internacional, Mladic, chamado de “Carniceiro da Bósnia”, é acusado de 11 crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio na guerra de 1992-1995, em particular no massacre de Srebrenica, no qual foram assassinados quase 8 mil muçulmanos, adultos e crianças. Mladic pode ser condenado à prisão perpétua.

Preso o último criminoso de guerra sérvio

Foi preso na madrugada desta quarta-feira (20/7), na Sérvia, o criminoso de guerra Goran Hadžić, o último dos grandes nomes da lista de sérvios indiciados pelo Tribunal Penal para a ex-Iugoslávia, em Haia. Ele estava foragido há 16 anos e foi encontrado na aldeia de Krušedol, na Voivodina, a 60km ao norte de Belgrado.

Hadžić (pronuncia-se “ráditsch”, como se fosse a palavra ‘rádio’, só que com T chiado no final) era líder do movimento autonomista na Krajina (“cráina”; em servo-croata, “marca”, “região de fronteira”), uma parte da Croácia onde havia maioria étnica sérvia. Segundo o promotor sérvio para crimes de guerra, Vladimir Vukčević, o criminoso estava armado no momento da prisão, mas não tentou resistir.

“Hadžić assumiu uma identidade falsa, tendo documentos pessoais sob um outro nome”, disse ele, em entrevista coletiva citada pela rede sérvia B92.

Junto com ele, foi detido um homem não-identificado, suspeito de ajudar a escondê-lo. O promotor acredita que Hadžić, que era um simples comerciante até o começo da guerra, estava sob proteção de pessoas ligadas à hierarquia da Igreja Ortodoxa Sérvia.

A primeira pista de seu paradeiro surgiu quando ele teria tentado vender um quadro de Modigliani (1884-1920) para conseguir dinheiro e custear sua clandestinidade.

Goran Hadžić preso

Goran Hadžić preso

É sempre bom lembrar que, assim como Radovan Karadžić (líder civil, preso em 2008) e Ratko Mladić (comandante militar, preso em maio deste ano), os dois NÃO ERAM cidadãos da Sérvia. Eles eram cidadãos da antiga Iugoslávia e os crimes deles foram cometidos na Bósnia e na Croácia. O Estado sérvio (que era parte da Iugoslávia até 2003, assim como a Bósnia e a Croácia até 1991), oficialmente, não tinha nenhuma responsabilidade sobre os atos cometidos por eles. Mas todos foram encontrados em território sérvio.

A prisão desses três criminosos de guerra era uma exigência da União Européia para iniciar os procedimentos de adesão da Sérvia ao bloco – o que, no entanto, depende ainda de diversos fatores econômicos, legais e sociais aos quais o país deve atender, como todos os demais membros, e ainda está longe de conseguir.

MLADIĆ PRESO

O general Ratko Mladić, o criminoso de guerra mais procurado da antiga Iugoslávia, foi preso hoje de manhã na Sérvia, num povoado perto de Zrenjanin, na Voivodina. O anúncio foi feito pelo presidente da Sérvia, Boris Tadić.

Vou acrescentar mais informações a este post ao longo do dia.

Em tempo:

É UM ERRO dizer que ele foi “chefe do exército da Sérvia durante a guerra da Bósnia”, como fez o G1. Ele nunca teve nada a ver com a Sérvia nem com o Estado sérvio – que não participou daquele conflito -, mas sim com a entidade paraestatal dos sérvios residentes na Bósnia, por vezes chamada de “República Srpska”. Essa república não é a República da Sérvia; são duas entidades distintas que nunca foram a mesma.